quarta-feira, 10 de junho de 2015

Como nosso cérebro apaga as antigas memórias?

Se já é difícil lembrar o que comemos no café da manhã de ontem, imagina as lembranças de anos atrás? Tenso, né? :( Mas ao mesmo tempo, como seria a vida se nosso cérebro guardasse todas as nossas memórias para sempre?
Segundo a revista Science, o primeiro estudo desse tipo em ratos sugere que o cérebro pode limpar as informações velhas no processo de formação de novas memórias.
O processo de produzir novos neurônios é chamado de neurogênese. Nos seres humanos – e também nos ratos – esse processo acontece durante toda a vida em uma região chamada giro dentado, no Hipocampo. Em pessoas adultas, ele produz cerca de 700 novas células do cérebro por dia! :O
A neurogênese tem início – tanto em ratos como em seres humanos – logo após o nascimento e depois diminui de ritmo na fase adulta.

Neurônios recém-nascidos no giro denteado do hipocampo (acima) podme ajudar a apagar memórias antigas.
Neurônios recém-nascidos no giro denteado do hipocampo (acima) podem ajudar a apagar memórias antigas.

Um experimento do neurocientista Paul Frankland, do Canadá, apontou que alguns ratos tinham um desempenho pior em testes de memória quando as taxas de nascimento de neurônios foram aumentadas. Eles foram pior em testes que exigiam detalhes de eventos do passado.
A teoria é a de que essa explosão de neurônios poderia estar relacionada ao esquecimento de memórias de antes dos 2 a 4 anos de idade em humanos, a chamada amnésia infantil.
Alguns modelos teóricos sugerem que novos neurônios desestabilizam as memórias que já estão no hipocampo, mas isso nunca havia sido testado em animais.
Para testar a hipótese, Frankland comparou a estabilidade das memórias de um camundongo adulto com a de um de 17 dias de vida (o que seria equivalente a um bebê humano de menos de 1 ano).
Os camundongos foram colocados em uma caixa de metal que dava pequenos choques nas patas. Depois, os ratos foram devolvidos às suas gaiolas, mas ao longo de 6 semanas os pesquisadores levavam os animais de volta à caixa de metal, mas nessas vezes sem os choques.
O resultado: mais de um mês depois, o rato adulto continuava a congelar de medo quando era colocado na caixa dos choques, enquanto o rato bebê esqueceu essa associação no dia seguinte.
O próximo passo foi saber se diferentes taxas de neurogênese entre camundongos adultos e infantis explicaria o esquecimento dos jovens roedores.
Como já se sabia que fazer exercícios pode aumentar a neurogênese em ratos em mais de 50%, os pesquisadores fizeram um grupo de ratos adultos correrem em rodas. Além disso, eles trataram grupos separados de ratos com remédios, como antidepressivos, que intensificam o nascimento de novos neurônios. Como resultado, a neurogênese foi aumentada em 100% e os ratos adultos voltaram ao nível de esquecimento de ratos bebês.
Psicólogos há muito tempo consideram que esquecer é fundamental para uma mente saudável, mas neurocientistas nunca tinham dado muita bola pra isso. Para Frankland, no entanto, se você aceita a ideia de que esquecer é saudável, faz sentido dizer que a neurogênese pode contribuir para “limpar” memórias antigas.

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